Há os que tratam as dores
Os que controlam as pragas
E há os que cultivam as chagas
Os que ressentem as mágoas
Há quem trate suas dores
Com bastante tempo
Pois é segundo o seu passar
Que nos compreendemos
Há quem controle suas pragas
Quebrando uma louça
Chutando algum saco
Abrindo uma válvula de escape
Há quem as cultive pela arte
A satisfação de terminar sua obra
Com uma morte fria
E propositalmente trágica
Há quem as ressinta pelo vicio
Preservando-as como desculpa
Para a fuga de uma realidade cinza
Graças ao conteúdo de um frasco
O psiquiatra insistiu
que não ligássemos
de novo na madrugada
“Mas doutor, somos doentes!”
Apesar de saudáveis, bem vestidos, alocados, alimentados e quase satisfeitos
Fomos feitos viciados