A ciência não é boazinha nem tenta ser. A sua única promessa é a de encontrar relações evidentemente verdadeiras entre as ideias e a realidade. Não é um processo divino, mágico ou obscuro. É humano e documentado.
Muitas crenças vêem o sofrimento como uma necessidade que será recompensada em um plano eterno e soberano. Para a ciência, este outro mundo é irrelevante, simplesmente porque ele é imensurável. A tentativa de comprovar a inexistência de Deus utilizando a ciência se compara a tentar trocar o pneu de um carro utilizando uma jabuticaba. O método científico é uma ferramenta com funcionalidade em um mundo específico: o natural.
Existem ramos desta ferramenta para a compreensão da realidade que são úteis para a diminuição dos sofrimentos. A psicologia é um exemplo e graças a sua documentação, qualquer pessoa pode percorrer todo o caminho para se chegar nas explicações sobre os tratamentos mais complexos. Não há mistério nem deturpação de qualquer coisa criada por Deus, pois tudo o que há é um encadeamento de observações básicas e conclusões simples sobre o que se é observável na Natureza.
A quebra de qualquer teoria fundamentalmente equivocada será celebrada. A completa destruição de falsos axiomas será ovacionada! O meio científico, para além de um pequeno grupo acadêmico, recompensará o mais ultrajante dos questionamentos, desde que todos os argumentos desta antítese sejam observáveis.
Quando livros escritos por homens interpretando a palavra de Deus tentam explicar a realidade, eles erram, pois a conservação dogmática de uma explicação sobre o mundo não é pariu para a constante competição entre as explicações dentro da ciência. A demonização do método científico é um reflexo religioso causado pelo terror da desmitificação dos fenômenos naturais.
Contudo, a ciência por si só não é capaz de responder todas as perguntas. Afinal de contas existem outros mundos. Além da explicação de fenômenos observáveis, temos a necessidade de definir a felicidade, a moral e os propósitos. Para isso servirá a religião.
A resolução do conflito entre o dogmático e o científico está na visão de que aquilo que a ciência chama de realidade já é por si uma obra daquilo que as crenças chamam de Deus. Logo, a evolução por exemplo, pode ser compreendida como mais uma dessas obras. O mecanismo capaz de dar aos homens a consciência, a capacidade de enxergar beleza, de se apaixonar, também é responsável por dar aos pássaros a capacidade de voar e não há demérito nisso.
Nalguma página de um dos meus livros está que “pensar dói.” E escrevi o mesmo em postagens aqui no WP.
Muito obrigado, Marcos, pela visita ao UAÍMA, e pelo “seguir”. A Casa é sua. Parabenizo-o pelo blog bem cuidado, elegante na postura social, psicológica, etc.
Darlan M Cunha
CurtirCurtido por 1 pessoa
As páginas gastas de Kant me vieram à cabeça. Ótima reflexão. Abs
CurtirCurtido por 1 pessoa
Cria um botão de seguir! não achei aqui…
CurtirCurtido por 1 pessoa
Gostei muito do texto, porém deixo um humilde comentário que pode acrescentar uma reflexão ao assunto. A ciência natural tem objetos que podemos chamar de iminentes, mas há também a metafisica cujo objeto é transcendente e que portanto ultrapassa a análise mensurável da ciência natural. No entanto, essa mesma metafísica também é ciência no campo especulativo. Há meios de se medir o que incomensurável por meios mecânicos a partir da razão. Obrigado por seu texto tão esclarecedor.
CurtirCurtido por 3 pessoas
Corrijo-me: a palavra iminente no meu comentário é na verdade o conceito “imanente”.
CurtirCurtido por 2 pessoas
Olá se interessar em colaborar conosco no blog Fênixart? Parabéns pelo texto 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
CurtirCurtido por 1 pessoa
ótimo texto, de uma incrível leitura reflexiva
CurtirCurtir
Perfeito! A ciência é imparcial
CurtirCurtido por 1 pessoa
Torço muito a partir de agora para poder achar tempo e capacidade para apreciar e sorver o conteúdo desse ótimo trabalho. Parabéns é pouco! A LacrE está disposição para essas divulgações de qualidade. Grande abraço!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Parabéns pelo blog de vocês! Vou acompanhar! 🙂
CurtirCurtido por 1 pessoa
Republicou isso em REBLOGADOR.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Republicou isso em Mesa-Redonda.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Com todo respeito, acho que, ao analisar as críticas que são feitas à ciência, é preciso deixar claro que, embora haja críticas oriundas de uma visão de mundo religiosa, que podem cair na tentação de demonizar a ciência (ou mesmo a racionalidade, que é mais ampla do que a ciência), nem toda crítica da ciência tem fundo religioso ou teológico e procura demonizá-la. Há críticas à ciência, que são extremamente pertinentes e devem ser levadas a sério, que são feitas por filósofos e mesmo cientistas, em nome da racionalidade e da objetividade, e que não se baseiam em postulados religiosos ou teológicos, e, por conseguinte, não tentam “demonizar” a ciência. Haja vista as críticas de Hume à ciência newtoniana; ou as críticas de Popper ao positivismo lógico e às pseudo ciências da psicanálise e do marxismo. Hume e Popper dificilmente podem ser qualificados como praticantes da demonização da ciência em nome da religião. Eles criticavam a ciência em nome da racionalidade. Não é preciso ser religioso ou partir de um ponto de vista teológico para reconhecer que a ciência positivista é uma religião: Comte mesmo o reconheceu. Nem para reconhecer que, ao pretender ser a única forma de conhecimento da realidade, desprezando, por exemplo, a arte (incluindo a literatura) e mesmo a religião, a ciência volta a ser positivista e dogmática.
Eduardo Chaves
(eduardo@chaves.space)
CurtirCurtido por 2 pessoas